O compartilhamento de carros é uma tendência mundial e apesar de estar presente no Brasil desde 2010, somente agora o chamado carsharing ficou mais conhecido e o número de seus usuários começa a crescer.
De acordo com dados da consultoria Frost & Sullivan, os usuários desta modalidade em todo o mundo chegarão a 16 milhões em 2017 e aumentarão para 44 milhões em 2025. O Brasil, apesar de apresentar números mais modestos – não passa de 100 mil –, aponta um avanço significativo: a base de usuários mais que dobrou em apenas um ano.
Um estudo realizado pela Kantar TNS, uma das maiores empresa de pesquisa do mundo, concluiu que 75% dos cidadãos de áreas urbanas estão usando aplicativos para organizar ou orientar seus trajetos. Os aplicativos são usados para ajudar a navegação de um modo geral, o que otimiza o custo ou a conveniência de um trajeto, e cada vez mais para solicitar táxis e compartilhamento de caronas.
O estudo revela também que, cerca de um quarto das pessoas (27%) dirige menos hoje do que há seis meses (chegando a 29% em Xangai, 34% em Paris, 36% no Rio de Janeiro, 37% em São Paulo e 43% em Mumbai). Uma em cada três pessoas que não possuem veículo particular também diz que manter um carro é dispendioso. Esse índice sobe acima de 40% no Brasil onde o carro não é acessível para todos.
Apesar de ser o sonho de consumo para grande parte dos brasileiros, a relação com os automóveis parece que está mudando, principalmente na população mais jovem das grandes regiões metropolitanas, onde a aquisição de um automóvel sequer está em seus planos ou, na melhor das hipóteses, não é prioridade.
Alguns proprietários de automóveis venderão seus veículos e alguns potenciais compradores de automóveis irão atrasar as compras de veículos à medida que a disponibilidade de serviços de mobilidade compartilhada crescer, aponta um relatório da Bloomberg New Energy Finance.
Motoristas com uma média de cerca de 8 mil quilômetros por ano ou menos são mais propensos a vender seus veículos ou a adiar decisões de compra à medida que os serviços de mobilidade compartilhada se tornam disponíveis em suas cidades”, conclui o relatório.
De olho nesta nova tendência, até mesmo as gigantes da indústria automobilística investem em plataformas de compartilhamento.
Maior empresa do ramo no mundo, a Car2Go, do grupo Mercedes-Benz, tem 2,4 milhões de usuários em 26 cidades, nos EUA, Canadá, Áustria, China, Alemanha, Itália, Holanda e Espanha. O Grupo PSA, a BMW e a GM também investem em seus próprios programas de compartilhamento de automóveis.
Compartilhamento de carros no Brasil
O filão da chamada economia colaborativa chamou a atenção de vários empresários que começaram a oferecer alguma modalidade de compartilhamento no país, inclusive com abrangência nacional.
Como funciona?
Há várias modalidades de compartilhamento de veículos e seu grande diferencial é ser mais barato, ter menos burocracia e mais flexibilidade que um aluguel convencional, com pacotes por horas ou minutos de uso. Com apps, é possível achar um carro próximo, solicitar o aluguel e abrir o veículo, tudo pelo celular.
Clássico ou ‘round-trip’
Neste sistema, uma empresa disponibiliza sua frota em diversos pontos espalhados pela cidade. O usuário pode pegar o carro em qualquer ponto e deve devolvê-lo no mesmo lugar ao fim da reserva.
É indicado para quem precisa de um carro apenas por algumas horas, mas algumas empresas fazem também pacotes com diárias para o fim de semana. Seguro e combustível estão inclusos no valor do aluguel.
O ponto negativo é que o usuário tem que se deslocar até um ponto de retirada e entregar no mesmo lugar. Ou seja, não é vantajoso se você quer ir ao trabalho ou ficará muitas horas com o carro parado até conseguir voltar ao ponto de retirada.
Esse é o modelo da Zazcar que possui uma frota de Ford Ka espalhada em diversos pontos de São Paulo, concentrados no Centro, Zona Sul e Zona Oeste. Sem reserva, é possível pegar um dos carros com abertura do carro pelo aplicativo no celular.
Free-floating
Neste sistema é possível pegar o carro em uma região da cidade e devolver em outra, dentro da área operacional da empresa. Este é o modelo mais popular pela possibilidade de pegar o veículo perto de casa e encerrar o aluguel perto do trabalho, por exemplo, deixando o carro livre para outro usuário.
A Vamo de Fortaleza, a primeira plataforma a colocar uma frota formada 100% por carros elétricos, opera neste sistema. Com investimento de R$ 7 milhões feito por um patrocinador em parceria com a prefeitura, 20 carros ficam distribuídos em 12 estações da capital cearense.
Outra empresa que utiliza este modelo é a Urbano que começou a operar em um projeto piloto na capital paulista em julho, com 60 veículos. Inicialmente, o usuário poderá pegar e largar o carro nos seguintes bairros: Jardim Europa, Vila Olímpia, Vila Nova Conceição, Itaim Bibi.
Pessoa para pessoa (P2P)
Nesta modalidade, proprietários de veículos que ficam sem uso por muito tempo colocam os próprios carros à disposição de outras pessoas, algo semelhante ao AirBnB, onde é possível alugar sua casa ou um quarto para turistas.
Os valores para quem precisa do carro são até 30% menores do que uma locadora normal e têm seguro incluso. O combustível é por conta do usuário.
As plataformas fazem uma checagem de informações para cadastrar usuários, o que pode envolver Detran, antecedentes criminais, situação financeira e até redes sociais.
Uma porcentagem da transação, geralmente em torno de 20%, fica para a empresa que conectou proprietário e interessado. Ou seja, um carro listado por R$ 100 dará R$ 80 ao dono no fim da diária.
Este foi o modelo escolhido pela Moobie, Pegcar, Parpe e Olacarro.
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